segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O teu cheiro.

Apesar de o tempo estar em metamorfose constante nos últimos tempos, aquela parecia uma tarde típica de outubro. O sol brilhava, deixando o ar húmido e morno. As árvores balançavam conforme o ritmo de uma brisa leve, que, de tempos em tempos, vinha para refrescar. Os pássaros cantavam em uníssono e as flores estavam mais lindas do que nunca. Era um dia ótimo para sair de casa, renovar o espírito. Talvez praticar algum esporte, ou ir à praça, tomar um chimarrão, com os amigos.
Depois de Carla concluir que lhe faltava ânimo para fazer qualquer coisa que necessitasse de muitos movimentos, se encolheu no sofá, acompanhada de um romance de Carlos Ruiz Zafón. Começou então a sua leitura, e, em pouco tempo, estava totalmente submersa em um mundo de fantasias, mistérios e reviravoltas. Ficou algumas horas alheia ao mundo que a rodeava. Devorou páginas e páginas daquele livro, que como nenhum outro, deixou-a fascinada.
Através da sacada, um brisa gelada penetrou no apartamento. Chegou ao seu corpo, causando um calafrio intenso, e a trazendo de volta à realidade. Foi então que, ao respirar profundamente, percebeu que a brisa estava carregada com um cheiro muito conhecido. Um cheiro gostoso, que fez um sorriso sincero estampar-se em seu rosto. Era o cheiro do perfume dele. E algumas lembranças, não tão distantes, tomaram conta de sua mente. Nas quais, ela se permitiu mergulhar profundamente.
Por uma fração de segundos, foi como se ele estivesse ao seu lado. Como se os lábios dele estivessem junto aos seus e os braços a envolvendo de forma acolhedora. Ela pode sentir a mão dele afagando o seu cabelo e ver aqueles olhos, que em silêncio, diziam tudo o que ela queria ouvir. E então ela teve certeza que o queria ao seu lado para sempre.

Dedicado a Lucas Schnorr, por Íris Lisbôa.

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